domingo, 14 de dezembro de 2008

Afinal, acontecem terremotos no Brasil?


Estamos acostumados a considerar que não ocorrem terremotos no território brasileiro porque está atualmente localizado distante das zonas de atividade tectônica. Ou seja, não existe borda de placas tectônicas, as áreas onde há concentração de pressões por serem contato entre as diversas porções que constituem a camada superficial do nosso Planeta. Porém, diversas vezes encontramos relatos de tremores de terra em diversos pontos do Brasil, como os sentidos nos Estados de Mato Grosso, Rondônia e Amazonas em setembro de 2004, os registrados em Nova Prata no início de 2005 e os que aconteceram este ano de 2008 em Caxias do Sul.

Por que estas divergências?

Vamos começar por discutir o significado da palavra. Terremoto é o termo usado para referir as vibrações propagadas ao longo das rochas e solos, atingindo também todas as obras, construções, vegetação e quaisquer objetos situados acima. No caso de acontecer no fundo oceânico (maremoto), pode ter como conseqüência ondulações da água do mar muitas vezes violentas, denominadas pelo termo de origem japonesa tsunami (grande onda). Um abalo sísmico (terremoto ou maremoto) pode ser originado pelo acúmulo de pressões oriundas das forças tectônicas que atritam os bordos dos grandes conjuntos de rochas da crosta terrestre, as Placas Tectônicas.

Esta é a causa dos tremores intensos, violentos e catastróficos como os que aconteceram no final de 2004 e continuam acontecendo no Oceano Índico, no sul da Europa e do Continente Asiático e também no leste do Oceano Pacífico. Destes processos estamos “livres” atualmente. Mas tremores de baixa, média e alta intensidade podem ser conseqüência também de outros processos ligados à dinâmica do nosso Planeta:
- pela difusão de vibrações de repercussão de terremotos profundos ao longo de fraturas ou rachaduras antigas das rochas; são deste tipo os mais comuns e podem ocorrer em localizações diversas, como no litoral sudeste, no sul e centro de Minas Gerais, no Rio Grande do Sul e na região nordeste do Brasil;
- por liberação de pressões acumuladas pela deformação de estruturas rochosas nas áreas internas de placas, como os que acontecem no Acre, Rondônia, Mato Grosso e no entorno do Pantanal,
- por desabamentos de cavernas ou blocos de rochas originados pela ação de modificações químicas e físicas das rochas superficiais ou em pequena profundidade há longo tempo expostas ao contato com água, aquecimento pela radiação solar, às variações climáticas de temperaturas, este conjunto de processos denominado intemperismo. Podem acontecer em variados locais, como em Brasília, na Região Metropolitana de Belo Horizonte e nas bordas do Planalto Meridional em Caxias do Sul e em Santa Maria;
- pelas vibrações causadas por erupções vulcânicas (estes também vinculados às bordas de placas, das quais estamos bem distantes);
- ou ainda os ligados a impactos de meteoritos, que são de ocorrência muito mais rara.

Não podemos esquecer das vibrações de baixa a média intensidades induzidas pelas modificações da superfície terrestre decorrentes de atividades humanas, tais como dinamitações em áreas de minerações ou para construção de túneis e outras obras de grandes proporções, ou como grandes reservatórios e prédios causadores de acréscimo de peso e de infiltração de água em subsuperfície.

Então, com certeza, afirma-se que terremotos podem acontecer em diversos lugares do Planeta.

Na verdade, são registrados tremores de variadas intensidades em número superior a 800.000 por ano no mundo todo. Entretanto, uma quantidade significativa acontece em áreas de baixa densidade populacional e acaba por não ter repercussão.

Proporcionalmente, é o que acontece também no Brasil. Embora desde a época da colonização sejam conhecidos tremores em território brasileiro, há pouco tempo existem pesquisas sistemáticas e instrumentos sensíveis de registro (sismógrafos) no Brasil. Apenas no final dos anos 1960 iniciaram os registros, com a implantação na Universidade de Brasília de um arranjo sismográfico de alta sensibilidade.

Nos últimos anos, especialistas começaram a estudar e entender as falhas (rachaduras profundas nas rochas) situadas longe das bordas das placas, na América do Sul. Estas falhas caracterizam-se por baixa taxa de deformação e por ciclicidade sísmica acima de 104 anos, mas por capacidade de acumular energia similar ou até superior àquela dos limites de placas. Apesar de relativamente raros, constituem risco significativo porque acontecem em locais não previsíveis e podem provocar danos sérios a populações não preparadas.

Portanto, já sabemos atualmente da potencialidade da ocorrência de terremotos no Brasil, embora os estudos de localização e planejamento estejam somente no começo.

O mapa acima contém dados sobre tremores de terra, com magnitude 3.0 ou mais, ocorridos no Brasil, desde a época da colonização até 1996. As informações mais antigas, indicadas por triângulos, são chamadas históricas, e foram obtidas após um longo e minucioso trabalho de pesquisa em bibliotecas, livros, diários e jornais. Os dados epicentrais, indicados por círculos, são relativamente mais novos e foram obtidos por equipamentos sismográficos.
FONTE da imagem



4 comentários:

  1. gostaria de saber se existe algum sismografo a UFRGS.

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  2. mais afinal porfque acontesem terremotos

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    1. Pode se resumir a uma liberação das pressões existentes nas regiões profundas, de altas - altíssimas temperaturas.

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