Em palestra apresentada por Agostinho Ogura, geólogo do IPT/SP, reafirmou que as ocorrências de deslizamentos, escorregamentos de encostas, enchentes e outros processos causadores de catástrofes podem ser previstas e prevenidas, na sua maioria, dependendo apenas de metodologias efetivas de estudo e planejamento.
Conforme o geólogo Edézio Teixeira de Carvalho, da Geolurb (Minas Gerais), a plataforma geológica é a infra-estrutura básica de uma cidade (ou de qualquer território) e tem como função suprir as condições de suporte da mesoestrutura (sistemas viário, de água, de esgoto, etc.), a qual deve proporcionar condições de funcionamento à superestrutura (conjunto de estruturas antrópicas finalísticas: moradia, comércio, indústria, serviços). Neste conceito, “a infra-estrutura é dado independente da nossa vontade, por esta razão chamado imutável, o que não significa que não possamos operar sobre ela para adaptá-la a certas necessidades”.
Um conjunto de relatos da atuação de geólogos em áreas urbanas (São Paulo, Guarulhos, Santos, Ribeirão Pires, Porto Alegre, Salvador, Belo Horizonte, Ouro Preto, Vitória e Rio de Janeiro) aborda análises de condicionantes geológicos que afetam as ocupações residenciais e de usos industriais/comerciais, referindo-se aos conhecimentos e metodologias de trabalho em estudos do meio físico como apoio à tomada de decisões envolvidas no gerenciamento de riscos e previsão de acidentes, bem como na gestão de recursos hídricos e de resíduos.
Ênfase especial precisa ser dada às encostas urbanas onde processos de instabilização colocam em risco parcelas significativas da população em várias cidades brasileiras. Deflagração, tipologia e distribuição dos processos em encostas necessitam ser entendidos a partir de estudos de detalhe dos maciços rochosos, relativos a estruturas petrológicas, padrão, distribuição e grau dos sistemas de fraturamentos, forma e padrão de alteração das rochas e solos e perfis da transição rocha-solo, distribuição da ocorrência de processos de corridas de sedimentos, distribuição e espessura dos depósitos de lixo e demais depósitos antrópicos. Com o entendimento das causas destes processos, desencadeiam-se as elaborações de mapas de suscetibilidades e de áreas de riscos, de hierarquização e análises dos riscos, de planejamento de obras de contenção e de sistemas de alerta à população diretamente envolvida/atingida, bem como análise para a recuperação de áreas degradadas.
Tais produtos geram parâmetros para ações dos poderes públicos, após identificadas as dificuldades para estabelecimento de programa racional de controle de riscos geotécnicos que envolva também os diagnósticos dos riscos, as análises das alternativas possíveis de intervenção e o estabelecimento de um processo de escolha baseado no custo de implantação e no benefício resultante em termos da redução do risco. Desta forma, pode-se chegar à proposta que permita compatibilizar o desenvolvimento do programa às “invariáveis” restrições orçamentárias com que se deparam comumente as administrações municipais.
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