domingo, 8 de março de 2009

História do acervo de Geologia da UNIJUÍ

Os materiais geológicos (amostras de minerais, rochas e fósseis) que compõem atualmente a COLEÇÃO DE GEOLOGIA do Laboratório de Ensino em Ciências Sociais iniciaram com os primeiros materiais fósseis reunidos no Museu Antropológico Diretor Pestana. Consta no Relatório do MADP de 1967: “O Irmão Daniel Scargnin ofereceu ao Museu uma valiosa coleção de petrificações da época triássica, por ele mesmo achados e colhidos nas jazidas de Santa Maria.” Infelizmente, o nome do doador foi grafado de forma incorreta.

O recebimento destes materiais decorreu na organização de um componente novo no museu: a Seção Paleontológica. O Padre Daniel Cargnin, desde 1964, efetuava a organização do museu de ensino da Escola Superior de Estudos Filosóficos e Sociais do Colégio Máximo Palotino. Mais tarde, o padre Daniel transferiu o museu deste colégio para o Patronato Agrícola Antônio Alves Ramos, formando um único museu com o nome de Museu Vicente Pallotti. A partir de 1965, esta coleção foi o princípio do importante conjunto paleontológico mantido até hoje por esta escola técnica. No Relatório do MADP consta ainda que, “nos fins de 1967, a seção foi ampliada por alguns achados da época triássica colhidos em Santa Maria pelo assistente do Museu, prof. Pe. Danilo Lazarotto (Frei Camilo).”
Novas doações de fósseis ao MADP aconteceram em 1968 e em 1970, também pelo Irmão Daniel Cargnin. Em abril de 1971, ele veio proferir “aulas práticas” de limpeza de fósseis. Neste mesmo ano, foram recebidas doações de fósseis pelo prof. Sotero Dotti e por Arlindo Stragliotto e doações de fragmentos de rochas que foram incorporados à “Secção Geologia – Paleontologia”. Em 1976, o Relatório e Balanço da FIDENE refere que o Museu efetuou a doação de 40 “pedras” ao Departamento de Ciências da FAFI. O Relatório do Departamento de Ciências da FAFI registra o recebimento do material que foi colocado à “disposição de professores e alunos para a melhoria de suas atividades didático-pedagógicas no ensino de Ciências.”
Em outubro de 1981, a coleção de Paleontologia do MADP foi transferida para o Laboratório de Ciências. Diversas doações foram reunidas durante a década de 1970, originando um conjunto parcialmente classificado de amostras dispostas em gavetas e vitrines em um laboratório do prédio da Sede Acadêmica.
Somente a partir de 1984 as amostras foram estudadas de maneira científica, com classificação e organização sistematizada. Novos materiais doados, bem como coletas próprias, de alunos, ex-alunos, de professores, de outras instituições e da comunidade externa, ampliaram continuamente as coleções.
O acervo era mantido no laboratório de Biologia do segundo andar da Sede Acadêmica até 2000. Neste ano, as coleções foram transferidas para o novo ambiente do laboratório de Geologia e Zoologia do Campus da Linha 3 em Ijuí, bem como se iniciou a estruturação do acervo localizado no laboratório de Biologia do Campus Santa Rosa. Estas atividades de revisão e reestruturação dos materiais foram desenvolvidas pelo projeto ORGANIZAÇÃO DO LABORATÓRIO DE GEOLOGIA, mantido pelo Departamento de Ciências Sociais, com uma bolsista.
A partir de 2003 e com incorporação de diversas doações e coletas, tornaram-se possível ampliação e melhoras na sistematização das coleções. Naquele ano, com o Edital PROACERVO da FAPERGS, iniciou-se o projeto ORGANIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DA COLEÇÃO DE GEOLOGIA DA UNIJUÍ conjuntamente com uma bolsista, tendo como objetivo geral estudar e divulgar conhecimentos de geologia e metodologias de estudo e análise de minerais, rochas e fósseis. Previa também tomar imagens digitais de cada amostra e ampliar exposições em vitrines, podendo ser observadas em visitas acompanhadas/orientadas, conforme as possibilidades ou objetivos previstos. Ao findar o projeto, um total de quase 2.500 amostras estava alocado nos dois campi, usando a metodologia de catalogação criada em 1984. As coleções de amostras de materiais geológicos compreendem três seções: uma mineralógica, uma petrográfica e outra paleontológica.
Em setembro de 2004, as coleções foram transferidas para o Laboratório de Ensino em Ciências Sociais. A partir de 2005, o projeto ESTUDO, DIVULGAÇÃO E APLICAÇÕES DA COLEÇÃO DE GEOLOGIA, mantido pelo PIBEX-UNIJUÍ com duas bolsistas, possibilitou revisar os conjuntos de amostras, com vistas a seu uso didático, tanto com alunos da UNIJUÍ como em visitas, oficinas e palestras com estudantes no Ensino Básico.
Em 2007, outro projeto mantido pelo PIBEX-UNIJUÍ com uma bolsista, denominado MATERIAIS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE GEOLOGIA, continuou a manutenção das coleções e desenvolvendo pesquisa e planejamento de atividades e instrumentos de ensino sobre Geologia para os diferentes níveis. As coleções de amostras são provenientes da região onde o acervo está inserido bem como de outras regiões, privilegiando a significância de variedades e exemplificação, já que as coleções existem com objetivos de subsidiar atividades de ensino e pesquisa. Somavam 1.656 amostras em 2003 e totalizam atualmente 3.197 amostras e 3.230 imagens digitais. As fichas de cada amostra e as imagens formam um banco de dados digitais.
A COLEÇÃO DE MINERAIS abrange 1.702 amostras, sendo principalmente (86%) silicatos, onde os mais comuns são as diversas variedades de quartzo (SiO2), tais como ágatas de várias cores, ametistas, cristal de rocha, citrino e calcedônias, originadas por preenchimento de cavidades nas rochas vulcânicas que constituem o embasamento geológico da região norte do RS. Menos de 1% das amostras de quartzo é de origem plutônica, provenientes da porção sul do Estado. Contém ainda muitas espécies minerais de interesse didático, tais como hematita, zeólitas, micas, granadas, berilo (água marinha), serpentinas (amianto), talco, topázio, esmeralda, entre outras.

A COLEÇÃO DE ROCHAS é composta por 1.260 amostras, tendo predomínio (42,9%) do grupo das metamórficas que, embora não sejam comuns na nossa região, são as mais numerosas em tipologias na natureza e diversas delas têm uso decorativo, tais como mármores, quartzitos, gnaisses, xistos, filitos.

A COLEÇÃO DE PALEONTOLOGIA reúne um total de 235 fósseis, desde um esqueleto quase completo de rincossauro (um lagarto primitivo com cerca de 1,5 m de comprimento e 0,5 m de altura que foi comum (mais de 90% da fauna fóssil) na América do Sul e na África do Sul há cerca de 220-230 milhões de anos atrás, tinha crânio achatado e largo, era herbívoro e uma das presas comuns dos dinossauros carnívoros. Outros exemplares importantes são ossos de diversos outros répteis primitivos que viveram há cerca de 230 milhões de anos no Rio Grande do Sul: cinodontes (pequenos insetívoros ou carnívoros que deram origem ao grupo dos mamíferos), tecodontes (predadores quadrúpedes, com cerca de 1 metro de altura e mais de 3 metros de comprimento) e dicinodontes (herbívoros quadrúpedes com até 3 metros de comprimento). Podem ser vistas também algumas amostras de coprólitos (excrementos fossilizados) destes répteis. Compõem ainda a coleção vários fragmentos de troncos fósseis com idade de cerca de 200 a 210 milhões de anos, provindos do Município de Mata, bem como impressões de folhas de samambaias coletadas nas proximidades de Santa Maria, com mais de 220 milhões de anos. Ainda, existem alguns peixes fósseis com cerca de 70 milhões de anos, provenientes da região nordeste do Brasil, que se encontram inteiros ou fragmentados.

4 comentários:

  1. Aguardo sua visita no Rascunho Geo ©. Grande abraço.

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  2. Oi Doris!
    Prazer em ler teu blog. Sou de Cruz Alta e não sabia que aqui pertinho de mim tinha essas maravilhas. Sou professora de geografia e na 1ª série do ensino médio trabalhamos com essa parte de geologia, movimentos das placas tectônicas e suas consequências.
    Um abraço.

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  3. Oi Doris!
    Estou a procura de uma listagem de materiais para montar um laboratório (o básico)na Faculdade onde trabalho. Laboratório de Geologia, um de Geociências e outro de Cartografia. Será que pode me ajudar? Obrigada. Um abraço.

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  4. Prezada Prof. Doris

    Parabéns pela iniciativa de divulgar as atividades de pesquisa e ensino realizadas na instituição UNIJUI.
    Tive a oportunidade de encontrar sua página e de conchecer o projeto de elaboração do cd room didático mineralolgia: estudar, entender e classificar minerais e também o caderno tabelas de classificação macroscópica de minerais.
    Sou professor na instituição UFTM (Uberaba MG) responsável pela disciplina de geologia e paleontologia para o curso Licenciatura em Ciências Biológicas. Na disciplina, estou planejando iniciar um projeto de instalação de uma coleção geológica e achei muito pertinente a forma como você envolveu os alunos no projeto.
    Assim, se possível você poderia disponibilizar uma cópia do cd room e outros materiais que vocês produziram, pois creio que sua experiência me auxiliaria na condução do projeto supracitado. Eu utilizaria esse material apenas como um instrumento de apoio, sem disponibilizar cópias para alunos ou para qualquer meio de divulgação. Gostaria apenas de conhecer o material e me inspirar nele para orientar aqui as atividades.
    Desde já agradeço a atenção recebida.
    Abaixo estão listados meus dados pessoais e de filiação, bem como email para contato.

    Obrigado
    Wagner R. Silva

    E-mail: wagnerdrigues@yahoo.com.br

    Professor Adjunto
    UFTM- Universidade Federal do Triangulo Mineiro
    Centro Educacional – CE
    Instituto de Ciências Biológicas e Naturais
    Av. Getulio Guaritá, 159
    38025-440 - Uberaba-MG
    Fones: (34) 3318 5943 / 3318 5909 / 3318 5000

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